Após doze anos de existência, a casa de espetáculos Lapa Multishow, em Belo Horizonte, pode fechar as portas. De acordo com o produtor executivo da casa, Guilardo Veloso, os proprietários do imóvel pediram, no final do ano passado, a restituição do prédio – instalado em área protegida pela Diretoria de Patrimônio Municipal. A empresa proprietária, a Funchal, aguarda na Justiça decisão sobre liminar consequente do despejo.
Guilardo Veloso ainda não tem outro endereço para transferir o empreendimento. De acordo com ele, seria necessário, pelo menos, mais um ano para que fossem cumpridos os contratos de shows. Essas parcerias foram firmadas em 2010 para realização no local, que é considerado casa de shows de médio-porte. “São contratos que chegam a quase R$ 2 milhões”, estima.
De acordo com Guilardo Veloso, no dia 21 último, a empresa proprietária do imóvel deu entrada na Justiça Comum com ação de “despejo por denúncia vazia”.
“Essa liminar é pedida quando o inquilino não tem dívidas ou pendências com o proprietário”, explica.
Em resposta, o proprietário entrou com petição para que a liminar não seja concedida. “Queremos explicar os nossos motivos. Precisamos permanecer aqui por mais um ano”, diz Veloso.
O produtor afirma que, no final de 2010, esperava uma proposta para renovação de contrato do aluguel, que era de R$ 7 mil mensais. “Esperávamos negociar o preço com valor mais condizente com o mercado. Chegamos a fazer uma proposta de aluguel de R$ 13 mil, mas não tivemos retorno”, lamenta.
Ele diz ter procurado a empresa várias vezes durante aproximadamente um mês, entre novembro e dezembro, mas que nenhuma discussão foi aberta.
Grandes nomes da MPB passaram por lá
Bezerra da Silva, João Nogueira, Nação Zumbi, Cordel do Fogo Encantado, Dona Ivone Lara, Walter Alfaiate, Adriana Calcanhotto, Lobão entre outros grandes nomes da MPB, já passaram pelo palco do Lapa Multishow. O local faz uma média de 120 shows por ano. Conforme o produtor Guilardo Veloso, é a casa de shows que está há mais tempo atuando no mercado de Belo Horizonte. “Antes dela, a casa que ficou mais tempo foi o Cabaré Mineiro, com seis anos e meio. Sei disso porque fui produtor lá”, lembra ele.
O imóvel onde funciona o Lapa foi projetado pelo arquiteto italiano Raffaello Berti, também responsável pelos prédios da prefeitura de Belo Horizonte e da Santa Casa. O projeto é datado dos anos 1930. O local foi construído originalmente para abrigar o Cine Santa Efigênia. Porém, serviu como sacolão e depósito.
De acordo com a Diretoria de Patrimônio Cultural da Fundação Municipal de Cultura da Prefeitura, o imóvel é indicado para tombamento pelo Conselho Deliberativo do Patrimônio Cultural de BH e não pode ser alterado.
(Fonte: www.hojeemdia.com.br)
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